Apenas um sopro!

Logo no início da pandemia, ao serem noticiadas cada dia um maior número de mortes ocasionado pelo Covid-19, Deus me trouxe a memória o seguinte trecho de Eclesiastes que afirma ser melhor estar em um velório do que ir a uma festa.

"É melhor estar num velório do que ir a uma festa, pois todos vão morrer um dia, e é bom pensar nisso enquanto ainda há tempo." (Eclesiastes 7:2)

A princípio fiquei confusa, como poderia ser melhor estar diante de uma perda ao invés de um momento de celebração? Passei alguns dias refletindo sobre esse texto e pouco a pouco Deus foi me dando discernimento acerca dele.

A morte é algo natural. Todos, sem exceções, irão encará-la, independente da cultura, crença, etnia ou classe social em que estiver inserido. Mas porquê algo que é tido como certo assusta tanto? Não deveria ser encarado de outra forma?

O fato é que não estamos preparados para morrer. Pensei em algumas razões que nos levam a isso. Talvez porque vivemos como se fôssemos eternos, mesmo sabendo que não. Talvez porque não sabemos o que vai acontecer depois. Talvez porque optamos por ajuntar riquezas aqui na terra ao invés do céu. Talvez porque amamos mais aos prazeres dessa terra do que a Deus.

Sendo assim, ao participar de um momento fúnebre não somos apenas lembrados, mas somos encurralados com a verdade de que a vida é apenas um sopro. É esse o ensinamento que o sábio quis passar ao escrever essas palavras. É preciso ficar diante da morte, apesar de desconfortável, para poder pensar nela.

“É bom pensar nisso enquanto ainda há tempo.”

Quando nos damos conta que o nosso relógio biológico está em contagem regressiva, pausamos e refletimos o rumo de nossas vidas através de nossas atitudes (pelo menos o ideal seria que isso acontecesse). Usamos da oportunidade para rever relacionamentos desgastados e até mesmo rompidos, substituímos comportamentos destrutivos por aqueles que são saudáveis. Tentamos de alguma forma viver de modo diferente. Em momentos como esses encontramo-nos mais sensíveis a ponto de olhar o mundo a nossa volta.

No versículo seguinte, o sábio traz outra afirmação que leva a dúvida: “A tristeza é melhor que a alegria porque o rosto triste melhora o coração”. Mais uma vez é de questionar-se tais palavras. Parecem tão incoerentes, paradoxais. Como a tristeza é melhor do que a alegria?

Novamente, Deus em sua graça abundante me deu sabedoria para compreender o que o sábio quis dizer. Entendi que a tristeza pode ser melhor do que a alegria quando me faz ter empatia pelo outro. Ou seja, quando me faz sensível a dor do outro, a ponto de me importar com o meu próximo sendo solidária, tendo compaixão. Ela também é preferível quando rompe barreiras e traz unidade.

Realmente a tristeza pode sim melhorar o coração. Nesse período está sendo possível notar como as pessoas de certo modo estão mais próximas mesmo que distantes (espero que entenda o que quero dizer). O orgulho foi deixado de lado, dando lugar a humildade. A solidariedade inundou lares.

Observando e pensando todas essas coisas chego a uma conclusão. Não posso fugir ou escapar da morte, no entanto, posso ter um novo olhar para o que ela representa quando ficar diante dela. Por fim, como diz a canção: Porque Ele vive posso crer no amanhã, seja esse como for.

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Texto dedicado a todos aqueles que têm sido surpreendidos pela dor da morte e estão vivenciando o luto. Não há nada que possa ser escrito que faça desaparecer tal dor por sua perda, mas o Espírito Santo, aquEle que Cristo deixou para auxiliar, trará o consolo a todo coração. Cada pessoa importa, não é apenas um número qualquer pois representa uma família, uma história. Que em Cristo suas forças sejam renovadas. Paz e graça!